Se você não pratica nenhum exercício físico ou está começando agora na corrida, pode parecer quase impossível, um dia completar uma ultramaratona. Porém, não é só um clichê: realmente, nunca é tarde para começar. Seguindo com nossa série sobre mulheres que conquistam as ultramaratonas, hoje você conhece Marisa Hashimoto, de 57 anos.
Aposentada, ela mora em São Paulo (SP) e deixou o sedentarismo para trás, encarando o medo e mudando de vida. Confira:
“Até os 46 anos, nunca havia praticado esporte e achava que não tinha jeito para a coisa. Eu tinha uma rotina super estressante e sedentária, e sentia que precisava fazer alguma coisa. Então, me matriculei em uma academia e, a convite de uma professora, participei da minha primeira corrida de rua, com 7,5 km. Tudo era novo, não sabia nada sobre corrida. Me senti uma estranha no ninho, mas ao terminar recebi elogios e fiquei superfeliz. No ano seguinte, um novo convite para a mesma prova, só que agora haviam mudado o percurso para 10 km. Fui mais confiante, terminei e ouvi mais elogios. Pensei que poderia fazer mais e foi assim que tudo começou.
Fiz várias provas com percursos de até 10 km. Chegou um momento em que decidi partir para a meia maratona, pois já havia percebido os benefícios que a corrida trazia (e continua trazendo). Mudei minha alimentação, passei a controlar melhor o peso e, assim, minhas dores de cabeça, que eram constantes, diminuíram. Meu estresse estava controlado e aliviado: passei a lidar melhor com os problemas do dia a dia. E isso, sem falar na ampliação da minha rede social.
Feita a meia maratona, resolvi partir para os 42 km, no Rio de Janeiro. Nesse momento comecei a unir duas coisas que adoro fazer, que são correr e viajar pelo mundo. E assim foi: comecei a participar das provas de ultramaratonas na modalidade 24 h (revezamento em quarteto e em dupla), e depois criei coragem e parti para corridas solo em provas de 50 km, 65 km e 95 km até o presente momento.
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Fazer uma ultramaratona é enfrentar desafios constantes, é o momento em que estou comigo mesma por longas horas, é lidar com meus medos e dúvidas. É poder provar que sou capaz.
Para cruzar a linha de chegada, tenho o apoio de muitas pessoas. Minha planilha de treino é elaborada pelo ultramaratonista Emerson Bisan da Nova Equipe, uma pessoa que acredita em mim (acho que até mais do que eu mesma), está sempre me incentivando e literalmente tem me acompanhado em algumas corridas.
O apoio do meu marido e das minhas filhas tem sido fundamental, já que cuido da minha mãe, que é portadora do mal de Alzheimer. Também recebo o apoio das minhas amigas, que ficam na torcida enviando energias positivas para que tudo corra bem.
Nos momentos difíceis da prova, penso nessas pessoas, nas dificuldades enfrentadas durante os treinos, nas decisões difíceis que tive que tomar para poder estar ali, e é como se passasse um filme em minha mente. Tudo isso me dá forças para renascer várias vezes durante a prova e me move para seguir em frente e não desistir. Nos momentos finais, a emoção é muito grande, e o choro é algo que sempre acompanha a chegada.”
Texto e Pesquisa: Amanda Preto e Gabriel Gameiro | Edição: Victor Moura