Todos sabemos que o coração é responsável por bombear o sangue que irriga todos os tecidos do corpo. Mas o que muitos nem imaginam é que é a musculatura da panturrilha que garante o retorno efetivo do sangue para o pulmão.
“Por isso dizemos que a panturrilha é o coração das pernas. Dessa forma, é fácil imaginar que qualquer situação onde a panturrilha não funcione adequadamente vai piorar a circulação, diminuindo a velocidade do sangue dentro das veias”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
“Situações onde essa musculatura fica parada muito tempo podem causar uma retenção de líquido nas pernas. Isso leva a inchaço, pernas pesadas, cansadas e aumentando a predisposição de desenvolver varizes e trombose venosa”, afirma a médica.
Por que exercitar a panturrilha?
Como o bombeamento do sangue nos membros inferiores é feito através da musculatura da panturrilha, toda forma de exercício físico que fortaleça os músculos da região é extremamente benéfica para a circulação. “Sabemos que, por exemplo, a obesidade é um dos maiores fatores agravantes da doença varicosa. Controlando o peso e praticando atividade física diminuímos muito a evolução natural dos problemas”, diz a médica.
Além disso, a saúde vascular e o condicionamento físico estão intimamente conectados. “Tanto uma boa circulação melhora o rendimento esportivo quanto um bom rendimento esportivo melhora a circulação. E quanto mais você se exercita, melhor será seu condicionamento vascular. Isso melhora tanto a função venosa quanto a função arterial, da mesma forma que diminui a sensação de peso e cansaço”, ressalta a cirurgiã vascular.
Até mesmo os exercícios de baixo impacto são benéficos, pois a contração da musculatura em caminhadas, por exemplo, aumenta a velocidade do fluxo do sangue nas veias, melhorando o retorno do sangue ao coração.
Mas não acaba por aí. “Além da queima de gordura e do ganho muscular, a musculação protege os ossos, melhora a postura, a flexibilidade, a resistência física e, principalmente, a circulação. Isso porque, por ser composta de exercícios mais intensos, a modalidade deixa o coração mais ativo e saudável. Além disso, normaliza a pressão sanguínea e combate o colesterol, assim protegendo o organismo de doenças cardiovasculares”, destaca Aline.
O problema das varizes
Porém, apesar de ser extremamente benéfica, a musculação deve ser realizada de maneira correta e sempre com o acompanhamento de um profissional de educação física. Dessa forma, é possível evitar possíveis complicações, como o agravamento das varizes.
“Principalmente em pessoas que possuem predisposição genética às varizes, o hábito de prender a respiração para levantar peso pode aumentar a pressão intra-abdominal, o que, por sua vez, pode reduzir o retorno venoso das pernas para o coração. Dessa forma, o sangue acumulado nas pernas acaba aumentando a pressão dentro das veias na região, que sofrem dilatação e dão origem às varizes”, alerta a especialista. Essa dica acaba sendo de extrema importância principalmente para halterofilistas e fisiculturistas, que trabalham com cargas muito pesadas.
Além de sempre realizar atividades físicas com o acompanhamento de um profissional especializado, é possível também aliviar os sintomas decorrentes de problemas de circulação através da adoção de alguns cuidados simples, como fazer uso de meias elásticas de compressão.
“As meias de compressão estimulam a circulação da perna e são ótimas para quem pratica atividades físicas regularmente, pois ajudam a diminuir a concentração dos ácidos lático e pirúvico no músculo, responsáveis por causar a dor muscular. Dessa forma, seu treino renderá mais e você sentirá menos dor no dia seguinte”, completa a médica.
Entretanto, se você já sofre com a presença de varizes, é fundamental que você consulte um médico especializado antes de realizar qualquer tipo de exercício. “Quem sofre com varizes tem que enxergar a musculação como uma aliada ao tratamento, já que a hipertrofia da panturrilha, o coração das pernas, é essencial para o controle da doença venosa, além de ser um ótimo modo de prevenir doenças como trombose e embolia pulmonar”, finaliza a Dra. Aline Lamaita.