Se para alguns a corrida surge quando mais velhos, outros já demonstram alguma aptidão e interesse pelo esporte desde jovens. É o caso de Jandiara Rosa Passos, 55 anos, advogada, mora em Vitória (ES). Em mais um texto da série sobre mulheres ultramaratonistas, conhecemos a história de Jandiara e como a corrida a fascina em diversos aspectos, de forma que passa a paixão pelo esporte para a própria filha. Confira:
“Desde as corridas escolares, sempre me identifiquei com as distâncias maiores. Assim, era sempre era eu a atleta escalada para os 800 m e 1500 m de pista. Com o tempo, o desafio de superar distâncias em corridas veio naturalmente. Gosto das ultramaratonas pelo fato de me permitirem ficar em contato com a natureza por horas, como a personagem principal da festa!
É fato que o cansaço físico chega ao extremo em algumas provas, mas nunca o suficiente para ofuscar a beleza das paisagens, a vista magnífica de um pôr do sol, as estrelas se anunciando no céu, a chuva caindo, os trovões em diálogo tão íntimo com o meu medo, o fato de estar sozinha, o zumbido do vento forte no pico de uma montanha, os novos amigos que aparecem, os choros em momentos de aflição ou de pura introspecção…
VEJA TAMBÉM
Entenda a importância do check-up esportivo
Mulheres na Ultra: Marisa Hashimoto foi do sedentarismo a ultramaratona
Você nunca termina do mesmo jeito que começou. Principalmente se escala uma montanha, pois ela lhe proporciona tudo: você vai ao céu e ao inferno, mas sempre retorna. Recordo-me da minha participação solo na BR 135 (ultramaratona de 217 km) em 2014; naquele ano, éramos apenas 12 mulheres solistas!
O número de corredoras em ultras cresceu surpreendentemente, fato positivo a meu ver, pois a mulher abrilhanta uma corrida. Somos atrevidas no modo de superar nossos limites, e as ultramaratonas se constituem uma fonte de oportunidades para isso. A mulher sai muito mais estruturada, tanto física quanto mentalmente.
Desse empreendimento, participam amigos e família. Uns na torcida, outros fazendo companhia durante os treinos, mandando mensagens de apoio e motivação. Da família, hoje tenho como companheira de corridas a Taiana, minha filha. Ela já se encantou com o esporte e se prepara para os trajetos mais longos… Em breve, teremos uma nova ultramaratonista!”
Texto e Pesquisa: Amanda Preto e Gabriel Gameiro | Edição: Victor Moura